sexta-feira, 29 de abril de 2016

"Um filme, cem histórias: Abbas Kiarostami”

O Centro Cultural Banco do Brasil Brasília recebe, de 04 a 23 de maio, a mostra “Um filme, cem histórias: Abbas Kiarostami” retrospectiva inédita no Brasil do cineasta iraniano, vencedor de prêmios como a Palma de Ouro em Cannes com “O GOSTO DA CEREJA” (1997) e o Prêmio Especial do Júri em Veneza com “O VENTO NOS LEVARÁ”.
Kiarostami é considerado um dos cineastas mais consagrados da contemporaneidade. O cinema iraniano teve grande repercussão mundial na década de 90, mas poucos filmes foram distribuídos em circuito comercial no Brasil, muitas vezes restritos a festivais e exibições esporádicas. “A mostra Um filme, cem histórias: Abbas Kiarostami abre oportunidade para público perceber, ao longo da vasta filmografia de Kiarostami, seu amadurecimento e a transformação de um dos mais consagrados nomes da cinematografia atual”, comenta o curador da mostra, Fábio Savino.

A seleção de 29 filmes inclui longas, médias e curta metragens. Obras raras como O RELATÓRIO (1977), filme pouco visto e considerado perdido durante muitos anos, os curtas O NASCIMENTO DA LUZ (1997) e NO (2010) ou ainda o filme/instalação Five, são verdadeiras jóias garimpadas para a programação da mostra. "Nosso objetivo é oferecer um panorama amplo da cinematografia de Abbas Kiarostami", comenta o curador.

Entre os destaques da programação, estão a exibição, em cópias 35mm, de seu primeiro curta O PÃO E O BECO (1970), seu primeiro longa A EXPERIÊNCIA (1973), O VIAJANTE (1974), CLOSE-UP (1990), E A VIDA CONTINUA (1992), ATRAVÉS DAS OLIVEIRAS (1994), O GOSTO DA CEREJA (1997), O VENTO NOS LEVERÁ (1998), DEZ (2002), CÓPIA FIEL (2010), entre outros. Afora isso, vale destacar a exibição de filmes menos conhecidos do diretor como ABC AFRICA (2001), DEZ SOBRE 10 (2004) e SHIRIN (2008). Serão apresentados também os filmes coletivos A PROPOS DE NICE, LA SUITE (1995), TICKETS (2004) e Cada um o seu cinema (2007).

A mostra “Um filme, cem histórias: Abbas Kiarostami” é uma oportunidade única de entrar em cada filme, em cada carro que Kiarostami decidiu seguir. É se deliciar com a coexistência de uma brandura e complexidade em suas histórias, com os lindos planos-sequências de paisagens, com delicadeza do seu olhar sobre a sociedade e paisagem iraniana. Será também um momento de reflexão e estudo sobre o cinema do diretor.

Abbas Kiarostami se diz diretor, não de filmes, mas de semi-filmes. Segundo ele, suas obras funcionariam como simples estruturas que devem ser preenchidas a partir do olhar atento do público. "O único meio de pensar um cinema é dar maior importância ao papel do espectador. Devemos encarar um cinema inacabado e incompleto para que o espectador possa intervir e preencher os vazios, as lacunas", comentou o cineasta.

A importância do cineasta, que já foi tido como um herdeiro das propostas de Roberto Rossellini, é evidente e fica nítida nas palavras do critico Alain Bergala: “O cinema-Kiarostami é, por ele mesmo, um novo continente no mapa do cinema”. Detentor de uma capacidade rara na criação da narrativa, Kiarostami nos ensina em seus filmes que, mais importante do que o objetivo final, são os aprendizados do percurso.

No Brasil, apesar de existir uma literatura sobre o cineasta, esta é restrita e desatualizada. A mostra contará com um catálogo incluindo textos especialmente produzidos para a publicação e traduções inéditas de pensadores como François Niney, Alain Bergala, Laura Mulvey, Jonathan Rosembaum, Alberto Elena, Godfrey Cheshire, Youssef Ishaghpour, Frédéric Sabouraud, Charles Tesson, etc. O catálogo contará ainda com filmografia atualizada do cineasta.

Sobre Abbas Kiarostami
Em 1970, um ano após ser nomeado diretor do departamento de audiovisual do Instituto para o Desenvolvimento Intelectual das Crianças e Adolescentes (KANUN), Kiarostami assina seu primeiro curta-metragem, “O PÃO E O BECO”, onde já apresenta, em germe, a essência do seu futuro cinema.

O KANUN, entidade pública que teve grande importância no Irã no final da década de 60, abriu portas a grandes cineastas como Bahram Beizaie, Amir Naderi, Reza Alamzadeh e Sohrab Xáid-Slaes. Responsável pela educação nas diversas áreas do conhecimento, de crianças e jovens, o conceito do instituto influenciou não somente a obra de Kiarostami, mas também de todos que por ali passaram. A questão educativa e o preceito de caminho iniciático é presente em quase toda a obra do cineasta, que também possui uma estética realista como marca.

Somente vinte e três anos após o lançamento do seu primeiro curta, o mundo descobre a obra do mais importante do Kiarostami. Com a apresentação de “ONDE ESTÁ A CASA DO MEU AMIGO?” (1987), os olhos da crítica mundial caem sob esse sujeito austero de óculos escuros. A partir daí, e durante toda a década de 90, seus filmes foram selecionados e premiados nos principais festivais de cinema do mundo.

Se nos seus primeiros filmes Kiarostami faz questão de buscar o simples e o caráter educativo, ao final de década de 80 ele elabora filmes extremamente complexos. “CLOSE-UP”, de 1990, é, até hoje, considerado uma obra prima do cinema e parada obrigatória para a discussão sobre o tênue limite existente entre o documentário e a ficção.

Outro exemplo da complexidade de sua obra é a Trilogia de Koker – “ONDE ESTÁ A CASA DO MEU AMIGO?” (1987), “E A VIDA CONTINUA” (1992) e “ATRAVÉS DAS OLIVEIRAS” (1994). Nesta, os três filmes acontecem em um mesmo espaço, a região de Koker, sendo que os últimos dois filmes acontecem em um mesmo espaço temporal. Ou seja, o terceiro filme acompanha a gravação da segunda parte da trilogia. Desta forma, Kiarostami nos indaga sobre o real, sobre o processo de realização de um filme, sobre a matéria prima do seu cinema. Como se quisesse afirmar, que o que estamos vendo é tão somente um filme.

Em 1997, Kiarostami recebe o reconhecimento máximo do mundo cinematográfico com a Palma de Ouro no Festival de Cannes com “O GOSTO DA CEREJA”. Com uma narrativa diferenciada e deslocando o espectador do papel de onisciente para um lugar de total desconhecimento dos fatos/história, mas também sabendo o que o personagem central do filme não sabe. O próprio cineasta, na coletiva de imprensa do filme, quando questionado sobre o porquê do personagem querer cometer suicídio, responde de maneira simples e direta que não sabe e que seria melhor perguntar ao próprio. Este filme é reconhecido mundialmente como uma de suas obras primas. 




Serviço:
Mostra “Um filme, cem histórias: Abbas Kiarostami”
Patrocínio: Banco do Brasil
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Empresa produtora: Fumaça Filmes
Curadoria: Fábio Savino

Cinema
4 a 23 de maio de 2016
Confira a programação e a classificação dos filmes no site: bb.com.br/cultura

Ingresso: R$ 10,00 (inteira) / R$ 5,00 (meia: clientes e funcionários BB, estudantes, pessoas com deficiência e maiores de 60 anos) ???

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